Segunda-Feira, vinte e três de julho de um ano
qualquer...
Você saiu pela manhã para resolver certas
pendências suas, fiquei na cama, depois de uma noite inteira acordada,
pensando.
Pensando no que tem acontecido comigo ultimamente
e de como eu poderia enfrentar tudo de cabeça erguida.
Minha vida se resume em momentos e eu já me
acostumei com isso, mas a cada situação ruim que me acontece é como se eu
estivesse caindo mais e mais. Eu tenho tanto medo...
Eu sempre tive as soluções, sempre tive... Eu
sempre tive! E agora não posso ir à padaria da esquina sem um GPS.
O abismo escuro me faz chorar.
O corpo de gente grande, pensamentos de gente
crescida e uma alma de menina.
É apenas uma menina de dezessetes anos. Isso pra
você não diz nada?
Cansei de sorrir pra felicidade. Eu queria mesmo
era a bonequinha de pano pra sempre!
Eu deixei meu coração cair, e eu poderia ficar
ali de olhos fechados esperando o tempo passar, mas não. Eu me enforquei com o
cordão do seu sapato.
Ali, na sua casa, trancada no seu quarto, eu
decidi matar qualquer dor.
Morrendo, inventava a reação sua.
Você mal imaginaria de como teria sido minha
semana. Eu queria minha casa, minha família, minha história. Queria minha vida
de volta.
Queria sentir-me útil.
No abraço meu, queria fazer você sentir meu
amor.
Mas você estava tão ocupado, nem reparou na
carta deixada no guarda-roupa, então a coloquei atrás da porta e agora deve
estar chorando a falta minha. [mas não chore]
Porque sou apenas uma garota e um dia em algum
lugar eu não daria conta de crescer na vontade do tempo.
Tudo que tenho está caído no chão e acho que nem
Deus sabe o que eu estava passando.
A falta de fé também mata!
Debaixo de um céu amaldiçoado eu ainda vejo uma
nuvem branca, mas tudo está perdido.
Fato consumado!
Eu enfrentei uma centena de tempestade e nesta
não me permiti vencer...
A culpa não é sua, não é minha, não é de
ninguém!
Isso tudo é só um papo de gente morrida da vida.
Gente fraca, vencida.
Mas juro, da próxima vez serei mais corajosa,
serei salvadora minha a cada dia e ficarei em pé sobre meus próprios pés!
Por enquanto não dá, é hora de dizer adeus ás
cambalhotas da existência.
E não fique perto de mim, porque essa minha
semana foi muito, muito ruim!