Eu estava sentada
nessa madrugada tentando entender o que tenho feito de mim e em momento nenhum
achei que tivesse brincado de alguém.
Sinto que estou sendo
o que eu sou, pés no chão, mais ou mesmo tempo permitindo as fantasias me
invadirem. Eu gosto disso e acho que sobrevivo de necessidades.
Não tenho brincado com
ninguém. Ninguém.
Tudo o que eu falei
pra ela naquela noite era verdade, mas não falamos a mesma língua.
Sei lá o que pensa
ela, deve achar que esse jogo é perigoso. Fazer o quê?!
As pessoas erram em
querer tudo pra si, tamanha possessividade diante de absolutamente tudo, mal
entendem elas que o pouco basta.
Levar o sorriso de um,
o carinho do outro, coisas simples da vida, da rotina.
Seria bem mais fácil...
Dela eu carrego as
poucas palavras ditas e as poucas trocas de olhares. Ana não encarava meus
olhos.
Chama-me de doida e
ousa dizer que eu não sei onde estou e o que quero. Ousa dizer que a faço de
fantoche.
Se falássemos a mesma
língua...
Dissolvemo-nos,
envolvemo-nos. Abraçamo-nos e isso não significou nada pra Ana.
Brincar dela, usar
dela? Jamais.
Ela é perigosa...
Eu prometi a mim nessa
madrugada quente, que vingaria das palavras de Ana. Gostar dela não foi o
suficiente, querê-la pra que se feliz morro sozinha?
Ela que se foda!
Disse-me que queria
terminar, eu ri, nunca começamos!
A louca sou eu.
Disse-me que não
queria se envolver, mas quem cogitou essa hipótese?!
Eu vou violentar sua
alma, eu vou revelar seus segredos, vou arranhar teu corpo, beber do teu
sangue.
Por uma noite vou
mostra-la o que é usar de alguém. Vou mover teu corpo com cordéis.
Registrar-te-ei: Fantoche.
E tome tento, fique
esperta.
Ana vira lenda...