Cansei-me por dois instantes
de ser eu mesma. Permita-me pro resto da vida ser você? Sem compromisso. Sem
amor. Assim, sem mais!
Se me aparenta feito de bons
modos, de sorriso largo, feito de gente santa, sem ódio, quero viver todo seu
avesso.
Quanto tempo dura você?
Uma vida?
Quanto tempo dura uma vida?
Tudo se torna relativo
quando o efeito contrário não comporta seus sentidos.
E então o que fazer?
Morrer?
Pra quê? Se essa é a única
vontade que não me cabe em vida.
Calem as bocas falantes daqui,
ligue o ar condicionado e permita-me relaxar. Sem pausa. Sem pressa. Assim, sem
mais!
O que faria você?
Diante da minha ignorância,
minha inocência faz-me vítima dessa sala sem vida.
E quem tem dito coisas,
dessas absurdas, fazes de tudo veracidade?
Bobagem. Burrice. Tolice!
Como se fosse verdade a
esperança? Como se fosse verdade o cantarolar feito louca despedindo-me com
colibris na boca?
Permita-me estar com você
por mais uma noite, como se fosse vão te amar e por isso perfeito, o amor
amante, perecível, sem nome.
Permita-me assim estar de
luto enquanto desenho tua mascara em mim.
E quando a beleza acaba?
Viveremos na luta constante de conquistar o que de fato pelo tempo e toda sua
bagagem já se faz nosso?
A beleza basta ser bela para
fazer bem?
Por mais quanto tempo você
resiste?
A tua boca é a minha
desordem, teu sexo é meu consumo. Em tudo deverias crer?
O desejo é eterno porque o
instante o faz. Em tudo deverias crer?
Deverias crer. Tantos o
disserem que possa ser.
Findo o nosso amor, volto
aos braços de outro alguém, ser você não foi o suficiente, e a situação não me
permitia ser quem sou.
Findo você porque já não
posso pontilhar de inocência tua poesia!