Expresso o inexpressável, por isso é indefinido!


[expresso o inexpressável, por isso é indefinido]
Deixar no subentendido é a melhor forma de se dizer quem somos. O silêncio diz muito.
E se souberes de mim, por favor diga-me, tenho ocupado meu tempo em me libertar e viver.
Me entender/descrever agora, seria me retardar em alguns sentidos!

{Paula Nonato}

segunda-feira, 14 de abril de 2014

LUA DE SANGUE



            Dezoito de Janeiro de 2013:
 Vamos nos casar e ter filhos e morrer bem velhos, mas, juntos?
            Ela: Não acredito nisso!
            Ele: Vamos ser feliz?
            Ela: Vamos viver apenas!
            Ele: Vamos fazer compras?
            Ela: Vamos deixar tudo como está!
            Ele: Vamos nos amar?
            Ela: Amor não se mendiga!
            Ele: Vamos comprar um carro?
            Ela: Vamos andar no ar livre!
            Ele: AMO-TE!
            Ela: [Silêncio]
            Pensei que seríamos como algo inseparável que vai se moldando em meio às desordens, pensei que as contusões aliviariam qualquer queda seguinte e assim, sem mais, pensei que depois do fim nada mais seria tão frio quanto parecia ser. Ainda escrevo pensando em nós!
            Queria memórias póstumas, noites em paz, verdades sinceras, mentiras inventadas, solidão com ar de saudade sobrevivendo da ansiedade do reencontro de amanhã depois das seis. Queria cores de Frida, romances amanhecidos e tudo com aquela atmosfera de simplicidade e felicidade benéfica a NÓS!
            Ele: O que faremos com tudo?
            Ela: Jogamos para cima e brindamos vitória!
            Ele: O que faremos com os móveis?
            Ela: Guarde no quarto vazio, quando tudo passar reorganize do jeito dela!
            Ele: O que faremos com o amor?
            Ela: Nunca foi amor!
            Ele: Deixou de ser amor!
            Ela: Amor não é rotina!
            Ele: O que faremos com nós?
            Ela: Cruzaremos avenidas de cabeça erguida, encontraremos refúgio em qualquer esquina, olharemos nos olhos e saberemos que foi bom, apenas e só!
            Ele: Amo-te!
            Ela: [Silêncio].
            Dezoito de Janeiro de 2014:
Na imensidão do amor que achávamos que possuíamos, fomos afogando qualquer letargia necessária! Você sabe, não dei conta e a culpa é do que achávamos que possuíamos. Tentei emaranhar momentos, costurar situações, cortar vícios, diminuir manias, reinventar uma história a cada manhã para que pudesse ser leve, mas tudo era gerúndio, metafórico e pesado!
            Não dei conta e não quis sangrar e nem é por isso que choro, na verdade, não tenho chorado desde o último encontro e isso ameniza essa fase do luto que custa passar.
            Te olho nos olhos e já não sinto mais nada!
            Vivi, vivemos. Passamos, passado. Tempo perdido? Não se perde o que não se tem. Saudade? Ainda dói quando resolvo abrir a porta do quarto e encontro o vazio da cama fria. Mas está passando, mas vai passar!
            Ela: Você não sente mais nada?
            Ele: Cansei de chorar por sete meses trancado no banheiro, pensando no amor que nunca foi meu!
            Ela: Vamos começar de novo?
            Ele: Vai embora!
            Ela: Me perdoa?
            Ele: Preciso de um tempo!
            Ela: Estou indo embora!
            Ele: É assim que vai resolver a nossa história?
            Ela: É assim que você me leva a resolvê-la!
            Ele: Não é isso que quero para minha vida!
            Ela: Amo-te!
            Ele: Silêncio...