Quanto de coragem é necessário para abrir as janelas sabendo da sujeira do seu quintal? Eu simplesmente abri, sem voltas, sem frescura, deixei com que o ar entrasse por ela, arejando cada cômodo da casa, recolhi toda a bagunça, joguei fora o criado mudo, pendurei um quadro no corredor esquerdo. Plantei rosas brancas para que o cheiro dela ficasse em mim, para sempre.
Ela é leão e eu sou de virgem, eu sou marrenta, ela é bem mais, eu prefiro do meu jeito, ela faz questão que seja do jeito dela, eu sei ceder vez ou outra, ela quase nunca. Quase sem querer somos um choque de realidade, somos feita de carne e osso e uma personalidade que não deixa a desejar, mas quase sem querer temos nossos caminhos cruzados. EU e ELA!
No dia quinze de cada mês mórbido eu vou brindar minha liberdade, porque sim, ela me trouxe de volta as borboletas no estômago, ela me fez reinventar versos para sorrir a cada amanhecer, ela enterrou histórias. E o que tenho feito para ela? Ela é silêncio, é mistério. Ilusão? Quem vai saber, quem vai medir, quem vai negar, quem vai impedir? Pode ser que seja, e só!
Quero a tranquilidade do seu sorriso nos meus versos simples!
Fica por aqui, acenda a lareira. Vamos esquentar o frio da rua para que os pássaros cantem aleluia, o dia vai raiar para eu me lembrar de reinventar novas manhãs, para eu me lembrar de estar aqui, sem peso, sem mais, sem menos. SEM PAUSA!